Quem sou eu

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Formada em língua Portuguesa e Inglesa e suas respectivas literaturas. Gosto de leitura e escrita, contudo, gosto muito mais de ler do que escrever (escrever, infelizmente me dá preguiça)mesmo assim sou ligada a leitura e por consequência tenho que estar ligada a escrita. Ás vezes sou eu mesma e as vezes sou todos os que me cercam,com todas as alegrias e tristezas,obscuridades e clarezas.

sábado, 9 de abril de 2011

Onírico

            As árvores eram enormes, havia muitas árvores e todas eram imensas. Elas tombavam em todas as direções, de modo que não havia como prosseguir nem voltar. De repente! ufa, que alívio! era apenas um sonho.
           Nos últimos tempos ela havia sonhado noites seguidas com esse tipo de evento. Árvores que caíam sobre a sua cabeça, caminhos em que caminhava sem sair do lugar, rios imensos e mares que lhe davam medo, porém tinha que atravessar etc.
           Desde que fora vítima de si mesmo, tomando dose sextupla, ou nem sabe o quanto de um tarja preta prescrito por causa de sua depressão de luto. O fato é que não era só o luto. O mundo caía sobre si e os dias não eram mais cinza, eram grafite e logo ficariam negros.
           Ela queria apenas dormir, dormir... "Do fundo do meu coração" ela dissera; "era dormir, não era morrer".
           Era patético tanta fraqueza, contudo, ela estava na condição de um ser humano fraco, desprezível, sucumbido. Era como ela sentia-se toda vez que lembrava-se da tarde daquela terça feira em que tomou vários tranquilizantes, depois de uma manhã carregada de decepções. Segundos após esse ato insano, suas pernas estavam pesadas e as vistas turvas. Com muito sacrifício conseguiu ir para sua cama deitar-se e em poucos segundos mergulhou na inconsciência e assim ficou por muitas horas.
         Durante o coma, havia vez por outra um resquício de lucidez e num desses momentos levantou-se e segurando nas paredes, dirigiu-se ao banheiro, com muito esforço ligou o chuveiro para tomar banho, mas não tinha condições para isso, todavia, lembrava-se de ter ficado embaixo do chuveiro.
         Ao sair do banheiro segurando-se nas paredes, caiu no corredor, tentava levantar-se mas não podia, havia muita vontade, entretanto, não havia força. Era como se em algum lugar do seu subconsciente ela soubesse que se mergulhasse outra vez na escuridão, não voltaria mais. Ela lutava para manter um resquício mais de lucidez mas foi em vão e mergulhou outra vez no escuro.
         Não sei se ela acredita, mas Deus a queria viva. Então, algo bom deveria acontecer ainda. Assim, quando acordou descobriu que havia ficado neste estado por vinte e quatro horas aproximadamente.
         Nada mais grave aconteceu. Ela é linda, a "bela adormecida" que , enfim, acordou. E continua com sua meiguice sedutora. Sua inteligência não foi afetada. È a pessoa mais normal que eu conheço e Deus está na sua vida. Digo isso por que segundo o médico com quem conversei, nos casos em que a superdosagem desse remédio não leva a morte, deixa com problemas neurológicos sérios, em estado vegetativo, em coma, em cadeira de rodas etc... 
          Mas, como eu disse: Ela acordou. E acordou mesmo. Acordou de todas as formas que alguém pode acordar.    
        

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Como um Cordeiro foi levado ao matadouro." (Isaías 53 vers.7)

         Só para lembrar, no ano de 2004 houve a campnha do desarmamento dando um prazo à população portadora de arma sem registro para a regularização de registro ou porte perante a Polícia Federal ou entrega voluntária das armas de fogo.
         A campanha tinha por meta recolher 80 mil armas, houve ampliação dessa meta para 200 mil até dezembro de 2004. Esse objetivo foi superado e o Governo Federal estendeu a campanha do desarmamento até 23 de outubro de 2005, data do "referendo" onde a população deveria responder "sim" ou "não" para a comercialização de armas de fogo ou munição.
         A campanha teve como resultado o "não". (informações veiculadas na Wikipedia)

       
         Em um momento de reflexão veio à memória o sucesso da campanha do desarmamento e junto com ela um episódio decifrado ingenuamente algum tempo depois.

        Se me permitem fazer algumas perguntas! Permitam-se responder e quisera Deus que suas respostas sejam confortantes. Conhece bem teus amigos? Confia?  Sabe quem é a pessoa que senta na tua mesa e dorme do teu lado? Não, não sabe. Quisera eu tivesse podido saber. Por isso cuidado quando a noite cair e as pessoas mudarem de comportamento ou o vento soprar e trazer maus presságios e não soprar a seu favor. Cuidado se decepcionar alguém, se não corresponder as suas expectativas. Isso pode ser motivo para ela querer a sua carne.
     Havia um amigo, era como um irmão, era a melhor pessoa que eu conhecera.  Muitas pessoas não    acreditam haver mais amizades assim, só as crianças são tão puras e verdadeiras. Mas nessa amizade havia pureza e sinceridade. Desculpe se a pieguice toma conta das minhas palavras, não sei ser pura sem serbrega. Meu amigo compactuava com essa pieguice toda.
         Mas nos melhores relacionamentos há discussão, há discordância, há desencontros. E num desencontro desses, em seu coração que estava sempre aberto para mim, entrou um sentimento estranho, (por causa de um desencontro...) o ódio, o que é o ódio? dê-me uma definição de ódio. Porque eu não sei, nunca senti, acredito que seja isso por causa da forma como meu amigo agiu. Ele dizia não poder conforma-se com esse tal "desencontro" estava a beira da loucura, a ponto de morrer, ele iria cometer suicídio. E convidou-me para uma última conversa em sua casa. Fui correndo à casa, pois tinha que evitar uma tragédia...
        Não tinha ninguém mais em sua casa, e logo que cheguei, ele trancou a porta. Gostei disso, pois assim eu teria mais liberdade para convencê-lo a não cometer nenhuma loucura.
        Havia em cima da mesa, uma espingarda de dois canos, longa, calibre 20. Hoje penso...como pode alguém se matar com uma arma daquelas, visto que, devido ao seu tamanho não tem como mirá-la em seu próprio peito. Eu era muito ingênua para saber que o alvo era eu.
        Enquanto ele mirava em mim parecia querer achar o ponto certo, talvez no coração, ou na cabeça. Eu oscilava entre a dúvida e a certeza, entre a mira da arma e o súbito desespero. Meus olhos fecharam-se para não ver o que estava acontecendo ali. Então eu tentava aproximar-me dele num sentido contrário a arma. Talvez para impedi-lo de achar o ponto certo. Ficamos andando em volta da mesa por alguns segundos, um atrás do outro, eu atrás dele tentando de algum modo esconder-me do tiro que estava prestes a sair.
        Limitei-me a dizer, "pare com essa brincadeira, Deus tem muito a fazer na sua vida, não a jogue fora!".
Não sei se isso tocou seu coração fazendo-o refletir. Sei apenas que, estranhamente, destrancou a porta e mandou-me sair.
        Mais tarde eu soube que fui convidada para o "matadouro" e fui de livre e espontânea vontade.